segunda-feira, 15 de junho de 2009

Sociologia da Arte.


SOCIOLOGIA DA ARTE E DA MÚSICA
POR: DEMETRIUS DE ALMEIDA LIMA

Como fazer um estudo da arte? quer dizer, uma investigação precisa, mais detalhada das relações artísticas? um estudo pelo restrito termo a que se operam as "obras de arte"? ou algo mais profundo?, obter-se de relações abrangentes a que se submete a arte, das quais é nascida. Seria aconselhável, no mundo atual, fazermos uma verificação da arte, através de elementos certamente, não necessariamente diretamente ligados a ela. "O significado das mercadorias que hoje, substituem, em grande parte, a autonomia da obra artística." (Horkheimer/Adorno), estando seu "processo criativo", sujeito ao mercado, a própria arte deixa de ser autônoma, passa a ser retratada como um aspecto investigativo da sociedade, seu reflexo inconsciente.

O processo analítico baseava-se em concepções primitivas, os sociólogos limitavam-se em investigar somente o artista, sua origem, sua forma de pensamento, seu papel na sociedade, processo ainda utilizado em algumas culturas orientais e que, inevitavelmente, reprimiam o movimento artístico livre, contrapondo a principal doutrina da arte, as tensões entre conteúdo e forma.

Com a mudança no panorama das relações humanas, devido a uma rápida transformação, principalmente neste século, os historiadores se viram obrigados a adotar um sistema de especialização dos seus conhecimentos, restando-os fragmentados entre um teórico e outro, e, mesmo assim, é de costume reconhecer e aceitar a ausência de "grandes sínteses" das ciências, que nos impede uma visão global ou ramificações de cada abordagem. Apesar dessas citações sobre a multiplicação de teóricos em benefício à divisão da matéria, existem especulações sobre que, o que existiria, era somente o fator da multiplicação, ficando a divisão a cargo não aplicável a esta, ou seja, com um número maior de teóricos a compreensão seria (segundo eles), conseqüentemente, dinâmica. O fundamento principal da filosofia não poderia se restringir a um fator somente, deixando de lado a idéia de todas as coisas e caindo na simplificação, pré-determinando conceitos, ignorando-se a própria busca filosófica. Em sua obra "História Social da Arte e da Literatura", "Sozialgeschichte der Kunst und Literatur" (original em alemão), publicada em 1953, Arnold Hauser define e desenvolve todas essas relações separadamente e interdependentes entre si. Com argumentos muito bem colocados, leva-nos a perceber a inter-relação da arte com o seu meio, a suma importância que ela exerce nesse meio, a grande influência que esta tem com o seu meio e vice-versa, "a arte é explicada a partir da totalidade social" (Horkheimer/Adorno).

Polemicamente, como poderia ser, Hauser discorre sobre o homem, faz analogias entre cinema e a vida vazia das tristes vítimas de uma sociedade hipócrita (por mostrar idealismos cheios de lacunas, falsas relações de prazer, falsa identidade), da arte contemporânea, que é, infelizmente, ofuscada por um pragmatismo inútil, perverso, a total incomunicabilidade do ser humano.

O homem vive, morre e não percebe o processo que nele é exercido, aceita mecanismos pré-adotados, onde nunca pode opinar, mas, opinar sobre o que? ele não sabe nem o que gosta ou poderia gostar, "numa época em que o gesto de felicidade nada mais é que uma máscara da loucura e o triste rosto desta última tornou-se apenas uma insígnia que ainda se coloca sobre a esperança..." (Hauser)

A união do homem, o êxtase do encontro com a humanidade, e com ele mesmo, "Ode à Alegria", a arte humanizando as pessoas, transforma-as em seres humanos, tudo é revelado, tudo é compreendido, os anseios, muito mais densos visíveis e expansivos. "Entre todas as artes, [a música] foi sempre a que possuiu maior força de aglutinação social; por uma parte, devido ao fato do exercício da arte exigir, de um modo geral, mais pessoas concordantes na intenção e no sentimento, o que favorece a constituição de comunidades de músicos e amantes da música; por outra parte, em virtude de suas fortes qualidades sensíveis, a facilidade de conjugação com palavras e, em nível superior, as possibilidades que oferece de alta espiritualidade, tudo isto coisas que permitem à música tornar coesas grandes massas de homens. Por isso, em todos os tempos, a música foi um instrumento predileto para dominar os espíritos." (Arnold Schering)

Bibliografia: Adorno, Theodor W. / Horkheimer, Max: "Temas básicos da sociologia"
Editora: Cultrix - 1978

http://br.geocities.com/leonardoabviana/sociologia_musica.htm



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