sexta-feira, 16 de julho de 2010

Dia de N. Sra. do Carmo.


Carisma da Ordem do Carmo

  A Espiritualidade Carmelitana funda-se num Carisma tríplice em cujo espírito a comunidade carmelitana é convidada a inspirar. A Fraternidade, a Contemplação e o Profetismo,  como três pilares de uma estrutura é o sustentáculo do Edifício Espiritual da Vida Carmelitana fundado no serviço a Jesus Cristo. Desse modo é que o Carmelo se constitui numa Fraternidade Orante no meio do Povo.

Oração
Frades rezando as véperas - Capela da Piedade
Com efeito, desde as origens, a comunidade dos carmelitas adotou um etilo contemplativo, tanto nas estruturas como nos valores fundamentais. E tal estilo ressalta evidente da Regra.
A contemplação começa quando nos entregamos a Deus, qualquer que seja o modo a que Ele escolha para aproximar-se de nós. É uma atitude de abertura a Deus, cuja presença encontramos em toda parte. A contemplação constitui, assim, a viagem interior do carmelita, proveniente da livre iniciativa de Deus, que o toca e o transforma em vista da unidade de amor com Ele, elevando-o a poder gozar gratuitamente de ser amado por Deus e viver na sua presença amorosa. É esta uma experiência transformante do amor de Deus soberano.
  A oração é essencialmente uma relação pessoal, dialogo entre Deus e a criatura. Somos convidados a cuidá-la e a encontrar o tempo e os lugares para estar com o Senhor. Uma relação de amizade não se pode desenvolver senão estando muitas vezes a sós com quem sabemos que nos ama. A nossa tradição sugere-nos vários modelos de oração. Na Regra é-nos proposta a escuta orante da Palavra, que deve habitar abundantemente na boca e no coração. Modelo sublime desta oração é Maria, a Virgem orante que conservava todas estas coisas meditando-as no seu coração. De Elias aprendemos a estar na presença de Deus. Acostumado-nos a ela e fazendo-a silenciosamente, começamos a respirar quase só a essência de Deus, como se respira o ar.

Fraternidade:
   Fraternidade: encontro de Irmãos
  A formação de uma comunidade cristã deixa sempre implícita, como valor essencial a ser assumido e vivido, a fraternidade entre os irmãos. Entre os eremitas que por primeiro constituíram o estilo de vida carmelitano ao habitarem no Monte Carmelo, este valor não foi deixado de fora. Inspirada no estilo de vida das Primeiras Comunidades Cristãs, no modo como São Lucas nos apresenta nos Atos dos Apóstolos, a comunidade carmelitana deve da mesma forma fortalecer na Fraternidade a sua vida comunitária. É nesse espírito de Fraternidade que a partilha dos bens, a celebração em comum, o diálogo e a correção mútua das faltas cometidas, a refeição comum e o trabalho alcançam o seu mais pleno significado cristão.
A nossa Regra quer que sejamos acima de tudo “fratres” e recorda-nos como a natureza das referências e das relações interpessoais, que caracterizam a vida da comunidade do Carmelo, se desenvolveu no exemplo inspirador daquela primitiva comunidade de Jerusalém. Ser “fratres” significa para nós crescer na comunhão e na unidade, na superação das distinções e privilégios, na participação e na corresponsabilidade, na partilha de bens, de um projeto comum de vida e dos carismas pessoais. Os valores da fraternidade são tríplices e fortificam-se na Palavra, na Eucaristia e na oração. Os “fratres”, todos os dias, quanto possível, são chamados da solidão ou do trabalho apostólico à Eucaristia, fonte e cume da sua vida, afim de que, em torno da mesa do Senhor, sejam um só coração e uma só alma, vivendo a verdadeira comunhão fraterna na gratuidade e no serviço mútuo, na fidelidade ao projeto comum e na reconciliação animada pela caridade de Cristo.

Profetismo:
Serviço no meio do povo
A vida profética herdada na nossa inspiração eliano-mariana do Carmelo,  constitui-se basicamente em testemunho, serviço e luta. Este caráter tríplice do agir profético é o que estabelece as bases de uma comunidade justa e fraterna. O Testemunho é a forma mais sublime de mostrar a verdade que queremos transmitir. O Serviço Apostólico, herdado de Cristo, nos impulsiona e nos faz ver concretamente o trabalho que realizamos para dar continuidade ao Projeto do Reino de Deus. Em meio à injustiça do mundo, que instaura o ódio, a morte e a destruição, a Luta Profética consiste numa luta em defesa da vida criada e sustentada como dom pelo próprio Deus. O Caráter anunciador e denunciador da vida profética só se podem fazer vigente a medida, em que pudermos articular essas três atitudes, a fim de deixarmos vigorar o caráter profético de nosso carisma. O esforço de viver a vida fraterna e contemplativa já é, de antemão, um testemunho profético para o mundo.
 Este modo de estar “no meio do povo” é, enfim, sinal e testemunho profético de relações novas, amigáveis e fraternas entre os homens e as mulheres, em toda parte. É profecia de justiça e de Paz na sociedade e entre os povos, realizada como elemento constitutivo da Boa Nova, no empenho efetivo em colaborar na transformação de sistemas e estruturas de pecado em sistemas e estruturas de graça. É também opção de solidariedade para com os “minores” da história, para dizer-lhes a partir de dentro, mais pela vida do que pela boca, uma palavra de esperança e de salvação.


Escudo Carmelitano


   O escudo carmelitano aparece pela primeira vez no séc. XV, 1499, figurado na capa do livro da vida de Santo Alberto. Primeiro em forma chamada de “vexillum”, o qual foi modificando-se em detalhes no decorrer dos anos, até chegar à atual forma de escudo. Aqui vamos expor o que nos parece mais autêntico seguindo as fontes históricas e mais autorizadas. O escudo carmelitano compõe-se de duas partes, uma em forma de monte que nos lembra o monte Carmelo lugar de origem da ordem, de cor marrom símbolo da penitência, e a outra superior de cor branca, símbolo da pureza do Carmelo cores que são correspondentes ao hábito carmelitano.  Sobre o significado das estrelas que são três, cada uma representa as figuras inspiradoras do Carmelo, a estrela inferior que se encontra no monte quer representar a Virgem estrela do Mar, a qual lembra também a primeira capela dedicada à virgem no Monte Carmelo. As outras duas estrelas superiores à esquerda e direita do monte, representam os profetas Elias e Eliseu. Sendo assim, elas indicam a índole Mariana da ordem e a sua origem Eliana. Aparece também o circulo com doze estrelas e braço e a espada de Elias com o dístico em latim: “Zelo Zelatus Sum Pro Domino Deo Execituum” que quer dizer Morro de Zelo pelo Senhor dos Exércitos. 

O Escapulário
N.Sra. do Carmo
   Na verdade é impossível falar da devoção mariana do Carmelo sem mencionar o Escapulário, porque após muitos séculos, a Ordem liga toda a riqueza da sua devoção a este símbolo.
   Este é ligado à uma venerável tradição da Ordem: a “visão” de São Simão Stock, que remonta ao fim do Séc. XIV e início do XV. Segundo esta tradição Nossa Senhora teria aparecido a São Simão Stock (vivido no séc. XIII), trazendo o Escapulário na mão, dizendo: “Hoc tibi ET tuis privilegium: in hoc moriens salvabitur”, ou seja tornando palpável esta verdade: aquele que fizesse parte da Ordem (e receber e usar o hábito, era sinal dessa pertença), seria salvo definitivamente. Vastíssima foi a difusão da devoção do Escapulário entre os fiéis a partir do séc. XV. Assim o Escapulário tem servido de instrumento para estender a Família Carmelitana para além do círculo dos frades e freiras, donde a ampla agregação dos terceiros e dos adeptos do Escapulário. Como sinal de agregação a uma Ordem mariana, o Carmelo, o Escapulário è também sinal de pertença a Maria: é símbolo próprio, como sacramental, para exprimir a devoção a esta Mãe, bem como a filiação dos fiéis à Família Carmelitana.
   Sinal externo, exprime a convicção do afiliado de viver consagrado a Maria e sob a sua proteção. Recorda àquele que usa o compromisso da mesma Ordem e o seu jeito para viver a dimensão mariana do carisma carmelitano que se caracteriza por uma vida de familiaridade com Maria, impregnada de oração, imitação e pertença.
   Concretamente, como meio de consagração, o Escapulário nos fala -  como dizia Pio XII – de humildade, de castidade, de oração contínua e de todas as virtudes da Mãe, das quais devemos nos revestir, convidando-nos à intima união com Deus e ao serviço humilde do próximo na Igreja. Com seu materno amor, Maria cuida dos irmãos de seu Filho que ainda peregrinam, vivendo no meio de perigos e dificuldades, até que cheguem à Pátria celeste. A doutrina mariana afirma: “um verdadeiro devoto de Maria se salva”. O Escapulário assim entendido, concretiza para nós a maternidade espiritual de Maria que protege na vida, salva na morte e intercede depois a morte.

ORAÇÃO
Senhora do Carmo, Rainha dos Anjos, canal das mais ternas mercês de Deus para com os homens. Refúgio e Advogada dos pecadores, com confiança eu me prostro diante de vós suplicando-vos que obtenhais ...... (pede-se a graça). Em reconhecimento, solenemente prometo recorrer a vós em todas as minhas dificuldades, sofrimentos e tentações, e farei tudo que ao meu alcance estiver, a fim de induzir outros a amar-vos, reverenciar-vos e invocar-vos em todas as suas necessidades. Agradeço-vos as inúmeras bênçãos que tenho recebido de vossa mercê e poderosa intercessão. Continuai a ser meu escudo nos perigos, minha guia na vida e minha consolação na hora da morte. Amém. Nossa Senhora do Carmo, advogada dos pecadores mais abandonados, rogai pela alma do pecador mais abandonado do mundo. Ó Senhora, rogai por nós, que recorremos a vós.

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