sexta-feira, 31 de julho de 2009

O gato é o mais recente animal a ser domesticado.

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O gato é o mamífero que foi domesticado mais recentemente. A domesticação em um sentido amplo refere-se a um processo no qual uma espécie animal torna-se mansa e não tem medo de pessoas. Mas para os biólogos, domesticação também significa que uma espécie foi alterada geneticamente para produzir características agradáveis às pessoas. Em comparação aos cães, gado, e outros animais domésticos, o gato é o que menos se difere na anatomia e no comportamento de seu ancestral selvagem. Isto deve-se em parte porque as pessoas não encontraram uma razão para criar características específicas nos gatos como nas vacas, por exemplo, para produzirem mais leite.

A fascinante psicologia felina
Como seu ancestral selvagem, os gatos domésticos são fisicamente adaptados para caçar presas pequenas. Mesmo com uma visão não muito precisa, eles enxergam bem com pouca luminosidade e percebem movimentos rapidamente. Suas patas almofadadas e músculos flexíveis permitem que eles persigam silenciosamente suas presas a cerca de 48 km por hora.

Pesquisadores que estudam os gatos ainda tem muito a aprender sobre este animal e seus parentes. Uma grande variedade de felinos, por exemplo, apresenta comportamento brincalhão ou sexual ao cheirar a planta Catnip. Nenhum outro animal responde da mesma forma a esta planta - pesquisas mostram que a resposta à planta Catnip ocorre em cerca de 50% de todos os gatos e é aparentemente uma característica recessiva (exatamente como o odor afeta o cérebro dos gatos ainda é desconhecido).

Ronronar

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Os biólogos têm obtido pouco sucesso em entender como os gatos ronronam. Em fevereiro de 1991, os fisiologistas Dawn Frazer e David A. Rice, da Universidade Tulane, em Nova Orleans, La., e G. peters do Museu Alexander Koenig, na Alemanha, registraram que o ronronar consiste de um som de baixa frequência produzido pelas vibrações na laringe dos gatos, durante a respiração. Estes pesquisadores registraram os sons através de instrumentos colocados em diversas partes do corpo dos gatos. Eles também descobriram que os sons não são ligados ao padrão de respiração dos gatos, o que explica o porquê do ronronar constante. O ronronar pode de fato ocorrer simultaneamente com outras vocalizações.

Os cientistas não sabem o propósito do ronronar, porém, poder ter sido útil aos ancestrais selvagens dos gatos. O ronronar parece ser um sinal de contentamento, mas mesmo gatos que estejam doentes ou desconfortáveis podem ronronar. Donos de gatos reconhecem que o ronronar acontece quando os gatos estão em meio a pessoas, mas a presença de humanos não é essencial para o ronronar. Os gatos podem ronronar durante o acasalamento, e filhotes enquanto são amamentados. Mas nenhum gato de nenhuma idade ronrona enquanto dorme.

Como os gatos sobrevivem a quedas
Talvez mais intrigante que o ronronar, seja a habilidade dos gatos de sobreviver a quedas. A pesquisa dos veterinários Wayne Whitney e Cheryl Mehlhaff do Centro Médico Animal na cidade de Nova York focou esta capacidade, em 1987. Os pesquisadores estudaram mais de 115 gatos que caíram de apartamentos em andares altos na cidade de Nova York. A média das quedas foi de 5,5 andares. Dos 115 gatos estudados, 90% sobreviveram, incluindo um gato que caiu de uma altura de 32 andares em uma calçada e sofreu apenas uma leve contusão no peito e teve um dente lascado. Curiosamente, gatos que caíram de alturas de 9 andares ou mais sofreram menos ferimentos do que os que caíram de alturas menores. Entre os gatos que caíram de alturas entre 9 e 32 andares, apenas 5% sofreram ferimentos fatais, mas 10% daqueles que caíram de alturas de 7 andares ou menos, morreram.

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Como os gatos conseguem lidar tão bem com quedas? Em primeiro lugar, em comparação com os seres humanos, um gato é muito menor e mais leve. Além disso, um gato tem mais área de superfície em proporção ao seu peso do que um humano. Este aumento na área de superfície resulta numa maior resistência ao ar, o que diminui a velocidade da queda. O ponto importante, no entanto, é que ao cair, o gato posiciona-se na forma de uma espécie de pára-quedas. Menos de um segundo após começar a cair, um gato rapidamente arruma-se no ar com as suas quatro patas apontando para baixo. O ouvido interno do gato funciona como um giroscópio interno, dizendo ao gato em que direção ele está caindo. Com as patas para baixo, o gato as afasta de forma que seu corpo vire uma espécie de pára-quedas que aumenta sua resistência ao ar. Com seus membros flexionados, o gato também amortece a força do impacto caindo sobre as quatro patas. A força do impacto é distribuída pelos músculos e juntas.

Whitney e Mehlhaff acreditam que o efeito pára-quedas entra em ação principalmente em quedas acima de 4 andares, no ponto onde o gato atinge a maior velocidade de queda. Dos gatos estudados pelos pesquisadores, apenas um entre 13 gatos que caíram de alturas superiores a 9 andares sofreram fraturas ósseas, enquanto que a maioria dos gatos que caíram de alturas menores sofreram algum tipo de fratura.

Focando no comportamento dos gatos
Outro grande objeto de pesquisa é o comportamento dos gatos. Muitas pessoas acham que o comportamento dos gatos resume-se a limpar-se, coçar-se e dormir. No entanto, só porque os gatos não são frequentemente vistos executando outras ações, não significa que não possam aprendê-las facilmente.

Comportamentalistas animais dizem que a inteligência ou a capacidade de aprendizagem dos gatos não é maior e nem menor que a dos cães. Mas comparar espécies diferentes é difícil, pois ao testar suas habilidades de aprendizagem é preciso levar em consideração as diferenças entre os sentidos e as capacidades motoras dos animais, e suas predisposições para certos comportamentos. Por exemplo, um gato sendo testado sobre sua capacidade de aprendizagem não responderá às recompensas de carinho tanto quanto os cães.

Quão espertos são os gatos?
Apesar disso, no começo da década de 20, os pesquisadores descobriram que os gatos podem aprender tarefas complexas, principalmente se a recompensa for comida. E em teste com tarefas altamente estruturadas, os gatos frequentemente superam os cães na resolução de problemas conceituais. Na década de 50, o comportamentalista conceitual J. M. Warren na Universidade Estadual da Pensilvânia, no University Parl, descreveu a habilidade dos gatos nos testes de "estranheza", nos quais são mostrados três objetos e o gato deve escolher o que menos se parece com os outros dois. Neste teste, os gatos aprenderam a apontar com a pata um cubo ao invés de duas bolas apresentadas ao mesmo tempo, porque o cubo escondia comida. Em testes similares, o gato escolheu o objeto diferente quando lhe foi apresentado uma bola e dois cubos.

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Tais testes requerem a habilidade de entender conceitos, e neste caso, igualdade e desigualdade. Pesquisadores descobriram que alguns gatos lidam tão bem com este tipo de aprendizado conceitual quanto os macacos. E, depois dos macacos e outros primatas, os gatos estão entre os mais aptos a aprender observando os erros e acertos de outros animais tentando completar uma tarefa em busca de recompensa.

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